Soluções arquitetônicas aliadas a materiais antirruído promovem bom isolamento acústico

Título | Soluções arquitetônicas aliadas a materiais antirruído promovem bom isolamento acústico
Fonte | Portal UOL – São Paulo, SP – 10/11/12
Autor |  Karine Serezuella
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É incômodo – para não dizer irritante – ter que suportar os ruídos vindos do andar acima do seu apartamento, como o recorrente ressoar dos  saltos altos ou alguma discussão inoportuna no meio da noite. Porém, o barulho pode vir também do interior da sua casa e você acabar por se dar conta do problema, apenas quando um comunicado do síndico ou a reclamação de um vizinho “bater” a sua porta.

Assim, para minimizar estes sons importunos – mais comuns quando se vive em condomínios de apartamentos, invista em soluções arquitetônicas aliadas a materiais antirruídos que promovem um bom isolamento acústico e garantem sua tranquilidade e conforto, além de uma política de boa vizinhança eficiente.

Tipos de ruídos

De acordo com os pesquisadores do Laboratório de Conforto Ambiental e Sustentabilidade dos Edifícios do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), Elaine Lemos Silva e Marcelo de Mello Aquilino, os ruídos mais comuns nas habitações são de dois tipos: o aéreo e o de impacto. O primeiro é gerado pela vibração das moléculas de ar, ocasionada pela emissão da voz humana ou pelo movimento de algum objeto, como por exemplo, a corda de um instrumento musical ou a membrana de um alto falante.

Por sua vez, o ruído de impacto é provocado, como o próprio nome diz, pelo choque de um objeto em outro ou em uma estrutura rígida, como o barulho no piso causado por pisadas – especialmente as do salto alto – ou ao arrastar o mobiliário.

Invista ao construir ou comprar a residência

Se for construir ou comprar uma casa ou apartamento, planeje medidas para diminuir a reverberação dos sons e se previna, evitando futuros problemas com seus vizinhos. Para o arquiteto Gabriel Magalhães, um dos problemas mais comuns em construções residenciais é a má qualidade das esquadrias que contornam o vão de uma porta ou janela, o que pode resultar em uma ineficiente vedação sonora.

Em edifícios, é essencial, também, observar a espessura da laje entre os andares, que deve ter, no mínimo, entre 10 cm a 12 cm. “Quanto mais espesso este elemento, melhor será o isolamento acústico”, explica a arquiteta Crisa Santos.

Ainda em um apartamento, analise se as áreas íntimas como quartos, áreas de trabalho que exijam silêncio e salas dedicadas à leitura e ao relaxamento estão afastadas das fontes geradoras de ruído, tais como fossos de elevadores, áreas de serviço ou mesmo se estão voltados à rua com maior movimento de carros e ônibus.

Se houver proximidade aos focos de barulho internos à casa ou ao edifício, tome medidas acústicas como optar pela instalação de uma parede em drywall com revestimento interno antirruído. Esse sistema é composto por estrutura de aço galvanizado e chapas de gesso acartonado aparafusadas em ambos os lados e, por si só, tende a minimizar o barulho, pela existência do vão interno.

O ruído vem de fora

Se o problema maior vem da rua, aposte em janelas com bons perfis de vedação e vidros duplos ou triplos para minimizar os sons externos. Santos recomenda  as esquadrias de PVC com revestimento interno em lã de rocha mineral, por apresentarem maior eficiência em relação às de alumínio, ou seja, por “absorverem” mais barulho que as de metal.

Um boa dica é se informar com os fabricantes das janelas antirruído sobre qual a redução sonora proporcionada pelo produto. Os pesquisadores do IPT, Silva e Aquilino, alertam ainda: para obter um bom isolamento, em relação ao ruído aéreo de uma fachada, é importante investir  em janelas de qualidade, mas também cuidar para que não haja frestas, ou seja, o cuidado na instalação é essencial.

Outro fator que ajuda a minimizar os sons da cidade, especialmente em casos extremos, é reforçar com uma camada de drywall e lã de rocha mineral as paredes voltadas para entrada da casa.  Tal ação se justifica porque a lã, no miolo da estrutura, funciona como um amortecedor, absorvendo o som e evitando sua propagação.

Não incomode os vizinhos

O som do home theater pode parecer agradável aos que curtem o cineminha em casa, porém, o vizinho pode não ter a mesma opinião.

De acordo com a norma NBR 10152 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), 40 decibéis e 35 decibéis são os níveis de conforto em uma sala de estar e em um dormitório, respectivamente. Ou seja, baixo nível de tolerância ao som, sendo que uma conversa com altura moderada alcança cerca de 65 decibéis. Silva e Aquilino informam que atualmente a norma está em fase de revisão.

Para evitar transtornos e problemas com a vizinhança por causa de barulhos vindos de sua casa, como conversas exaltadas e música em um volume alto, veja algumas alternativas silenciosas:

– Opte por um bom isolamento acústico e use materiais que sejam eficientes em absorver sons. Magalhães aconselha o uso de revestimentos rugosos para as paredes como pedras naturais, cortiça e papeis de parede com textura. Evite materiais extremamente polidos como vidros e espelhos que reverberam as ondas sonoras com maior facilidade.

– Tecidos revestindo móveis e cortinas volumosas são bem vindos: eles também absorvem os ruídos.

– Ainda para o isolamento de paredes, aplique materiais como os painéis de madeira, acústicos e de tecidos para uma redução de – até – 20% do ruído, como afirma a arquiteta Crisa Santos. “Aconselho a pensar sobre o conforto acústico quando a casa ainda é projeto, para poder trabalhar com isolamento estrutural”, enfatiza.

Agora, se você pode e quer investir em uma sala para o home theater com eficiência sonora, mas custosa, trabalhe com os forros acústicos ou em gesso acartonado com lã de rocha, a diminuição do som propagado para os ambientes adjacentes e considerável.

Piso macio ao salto alto

As reclamações do vizinho do andar de baixo são pelo “toc toc” constante dos saltos? Para minimizar o incômodo, além do uso de carpetes e tapetes – que amortecem o impacto -, os pisos poucos polidos e com algum tipo de resistência mecânica são recomendados.

Uma alternativa é o uso do piso vinílico, que tem um maior desempenho acústico em relação aos “duros” laminados. “Outra solução são as mantas acústicas de poliestireno aplicadas entre o piso e a laje a fim de melhorar a eficiência no isolamento”, explica Magalhães.

Caso a escolha seja mesmo a do piso tradicional de madeira, Santos recomenda a colocação de uma manta de cortiça entre as tábuas ou tacos e o contrapiso para a redução do ruído das pisadas.

Menos conhecido e mais tecnológico, o chamado “piso flutuante” consiste na aplicação de um material resiliente entre a laje e o contrapiso, separando-os mecanicamente. “Esses materiais, quando bem instalados, absorvem os impactos e melhoram o conforto acústico”, conclui Aquilino.

Soluções paliativas para um dia de festa Vede os batentes de portas e janelas com tiras de espuma ou de cortiça e fita adesiva. O barulho da festa pode “vazar” por estas frestas e a barreira física ajuda a abafar o zum, zum, zum dos convidados ou a música alta. Assim, quanto mais grosso o material, melhor será a vedação. Espalhe tapetes pelo piso da casa. Este tipo de material absorve bem os ruídos e diminui as vibrações da música. Deixe as janelas com as cortinas fechadas e coloque muitas almofadas no ambiente da festa. Os tecidos ajudam na absorção do som. Torça para irem muitos convidados. O espaço com muitas pessoas propaga menos ruídos do que um local vazio.