O itt Performance entre a pesquisa e o apoio ao mercado

Fundado em 2012, dentro da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Unisinos, em Porto Alegre, o instituto tecnológico faz a ponte entre o mercado e a academia. O itt atende as empresas, gera pesquisas e artigos, forma mestres e doutores, além de propor patentes. Nasceu e se desenvolveu para interagir com o mercado, por intermédio da prestação de serviços e pesquisa aplicada.

Uma amostra de piso é confeccionada em uma área próxima ao portão de expedição. Depois de içada, segue para as câmaras no laboratório de acústica, por meio de uma ponte rolante, com capacidade de carga de 10 toneladas. Vai começar mais um ensaio de ruído de impacto em pisos no itt Performance, em São Leopoldo. Fundado em 2012, dentro da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Unisinos, na microrregião de Porto Alegre, o instituto tecnológico faz a ponte entre o mercado e a academia. “E isto vem sendo muito bem feito”, assegura Bernardo Fonseca Tutikian, coordenador geral do instituto, professor e pesquisador. “A gestão é independente da universidade, mas dentro do contexto acadêmico. O objetivo aqui é ter uma gestão financeira autossustentável, para podermos pesquisar, gerar artigos, formar mestres, doutores e propor patentes.”

O instituto ganhou fama na comunidade acústica pelo pioneirismo nos ensaios de sistemas construtivos de pisos, contrapisos e mantas, mas a instituição cobre outras requisitos das áreas habitacionais como desempenho térmico, resistência mecânica, durabilidade e resistência ao fogo. O itt Performance nasceu e se desenvolveu para interagir com o mercado, por intermédio da prestação de serviços e pesquisa aplicada. Para Tutikian o mercado está em recuperação e “esperamos ter um avanço nos próximos meses”. O instituto atende a todas as regiões do Brasil com maior inserção na região Sul do país.

O instituto reserva uma atenção especial aos ensaios de caracterização dos componentes de sistemas de pisos, pois o interesse dos acadêmicos de engenharia civil e de arquitetura da Unisinos sobre o assunto cresceu muito. O interesse do público vem aumentando com as constantes reclamações de desconforto com ruído entre apartamentos, nos centros urbanos. “No Brasil, temos fabricantes de mantas para pisos flutuantes que utilizam diferentes resíduos poliméricos na produção do material, por isso essa caracterização é fundamental”, exemplifica a professora Maria Fernanda de Oliveira, do  Laboratório de Acústica, Vibrações, Iluminação e Térmica – Lavit – do itt e coordenadora da regional do Rio Grande do Sul da Sociedade Brasileira de Acústica – Sobrac. “Também fomos instigados por alguns fabricantes locais de materiais resilientes que não sabiam como explicar aos clientes, em termos técnicos, as diferenças entre os próprios produtos e os dos concorrentes”.

Maria Fernanda de Oliveira, que também atua como coordenadora regional da Sobrac no Rio Grande do Sul, conta como o itt Performance resolveu uma das dificuldades de alguns fabricantes regionais com o custo do transporte quando são feitas encomendas para São Paulo, por exemplo. “Segundo alguns dos nossos clientes, por se tratar de um material muito leve, os caminhões faziam o percurso com pouca carga, pois também existe um mito de que esse tipo de material não pode sofrer compressão até ser usado como piso flutuante. Desta forma, iniciamos alguns testes para verificar o quanto o material poderia perder de eficiência depois de sofrer a compressão e, dos materiais que analisamos, a perda na eficiência em amortecer as vibrações é pouca após o material ser comprimido.” Conclusão: alguns desses materiais podem ser comprimidos durante o transporte que não perderão a capacidade de amortecer as vibrações decorrentes do impacto mecânico em pisos.

Outra questão que o instituto aborda no atendimento às empresas é a determinação da fluência na compressão de mantas resilientes. Esses materiais são submetidos a uma compressão lenta por uma carga constante ao longo de um período de tempo. Este ensaio seria uma extrapolação da deformação da manta pela carga no sistema de piso. O tempo em que o material fica sob a compressão pode ser relacionado com outro requisito da NBR 15575, que é a vida útil em projeto. No caso dos sistemas de pisos, a NBR 15575 estipula que o tempo de vida útil em projeto para um desempenho classificado como mínimo seja de 13 anos. “Ou seja, em projeto, deve ser assegurado que todos os componentes do sistema de pisos mantenham o desempenho por esse tempo”, explica Maria Fernanda de Oliveira. “Essa garantia só pode ser fornecida por meio de ensaios de longa duração, com amostras do material sob carga lenta de compressão durante 165 dias. Assim como a fluência na compressão, a delta L é uma informação fundamental para projetistas, o que não é exigido pela NBR 15575.”

Além das empresas, o Lavit do itt Performance atende a esfera acadêmica e serve como parte da infraestrutura de pesquisa para os programas de pós-graduação em engenharia civil e em arquitetura e urbanismo da Unisinos e de instituições parceiras. “Temos, mais de 20 artigos publicados em congressos e revistas científicas, para os quais as etapas experimentais foram realizadas aqui”, revela Oliveira. O laboratório atende mais de 15 trabalhos de conclusão de cursos de graduação e de especialização, três dissertações de mestrado concluídas e oito em andamento. “Podemos dizer que a publicação de artigos é uma consequência do processo de formação do pessoal de graduação e mestrado.”

Por trás dos laboratórios existe uma história de busca na qualidade em gestão”, conforme explica o engenheiro Rafael Heissler, técnico do itt, coordenador e tesoureiro da regional da Sobrac. Em 2004, a Unisinos se tornou a primeira universidade da América Latina a receber a certificação ISO 14001. Com o início da prestação de serviço, surgiu a demanda de empresas em busca da melhoria de atendimentos normativos. A universidade, então, passou a certificar os ensaios laboratoriais a fim de evidenciar a qualidade dos institutos da Unisinos. Em 2014, o sistema de gestão ambiental (ISO 14001) foi integrado ao sistema de gestão da qualidade (ISO 17025), no mesmo ano em que foi acreditado pela Rede Metrológica do Rio Grande do Sul, com o ensaio de salt spray de corrosão metálica. Em 2015, este mesmo ensaio foi acreditado pela Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro, ingressando a Unisinos na lista da Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaio do Inmetro. “Hoje, buscamos um aumento desse escopo para 49 ensaios no ano de 2018, isto devido ao intenso trabalho de qualificação dos laboratórios e à demanda vinda de empresas de diferentes setores”, acredita Bernardo Fonseca Tutikian.

Os ensaios de acústica do itt Performance englobam procedimentos em campo e em laboratório. Em campo são realizados ensaios de caracterização, indicados na NBR 15575, por meio do método de engenharia: ruído de impacto em pisos e ruído aéreo em fachada, em paredes internas e em pisos. Em laboratório, os ensaios da NBR 15575 incluem perda de transmissão (som aéreo) sonora em paredes. Mais: englobam os testes de ruído de impacto em pisos, isolamento ao som de impacto em revestimento (delta L), fluência na compressão e rigidez dinâmica. Como já foi dito, a NBR 15575 não contempla ensaios em laboratório de som de impacto de sistemas de pisos e os projetistas não têm um parâmetro normativo nacional.

No laboratório de acústica do itt Performance, câmaras reverberantes determinam o coeficiente de absorção, perda de transmissão sonora de paredes e de sistemas de pisos e de ruído de impacto em sistemas de pisos. Todas as câmaras atendem aos requisitos das normas ISO. Para maior agilidade no cronograma de ensaios, as amostras são confeccionadas em uma área externa. Para isso, as amostras são construídas em pórticos, com massa compatível com o ensaio, que possuem ganchos estruturais para suporte do deslocamento em segurança. O itt Performance possui câmaras de ruído aéreo, de ruído aéreo de impacto entre pisos e câmara reverberante para ensaios de absorção sonora por elementos de interiores como cadeiras, mesas e pisos. O instituto atende a região sul do Brasil, mas já realizou trabalhos em São Paulo, no Espírito Santo, Pernambuco, Pará e Rio de Janeiro, além de atender empresas na Itália, Portugal, Espanha, Chile, Argentina e Uruguai