A rede de hotéis de luxo Oetker Collection inaugura unidade em São Paulo

A rede de hotéis de luxo Oetker Collection inaugura unidade em São Paulo

O Palácio Tangará fica num terreno vizinho ao parque Burle Marx, no Morumbi, próximo a edifícios residenciais de alto padrão. A Akkerman Alcoragi foi chamada para elaborar o projeto de acústica e o principal desafio foi aproveitar a estrutura que estava abandonada há 15 anos. As exigências térmicas, advindas de países com invernos rigorosos, por tabela, acabou colaborando com o isolamento acústico.

A rede de hotéis de luxo Oetker, dona do Le Bristol de Paris, “coleciona” estabelecimentos de hospedagem tradicionais como o Villa Soleil, que começou como um retiro para escritores em Cap d’Antibes, na Costa Azul francesa, em 1870. O Villa Soleil, mais tarde conhecido como hotel du Cap-Eden-Roc, ficou imortalizado no romance de F. Scott Fitzgerald, Suave é a Noite, enquanto a Oetker Collection foi crescendo e hoje inclui dez unidades espalhadas pelo mundo. A última aquisição do grupo do empresário alemão do ramo de alimentos, Rudolf-August Oetker – morto em Hamburgo em 2007 -, fica em São Paulo, o Palácio Tangará, recém-inaugurado em terreno vizinho ao parque Burle Marx, no Morumbi.

A rede de hotéis de luxo Oetker Collection inaugura unidade em São Paulo

Com projeto do escritório canadense B+H Architects, o Palácio Tangará renasceu da recuperação de uma estrutura que estava abandonada há 15 anos. Tropicalizado com projeto de arquitetura de Bick Simonato e interiores por Patricia Anastassiadis, a rede contratou o escritório paulista Akkerman Alcoragi Acústica Ideal para a realização do projeto acústico. “A Oetker Collection, assim como outras redes hoteleiras presentes no Brasil, possui um manual de pré-requisitos com graus de restrições superiores às normas brasileiras”, adverte Fernando Alcoragi, arquiteto da Akkerman. “Para tanto, foi feita uma série de ensaios para mensurar o desempenho dos sistemas existentes para, depois, apresentar soluções de otimização dos resultados.”

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Sob coordenação da PAR Arquitetura, a Akkerman Alcoragi foi chamada para a intervenção no começo de 2014. Com 40 anos de atuação em projetos de acústica, o escritório já trabalhou em mais de 50 hotéis para a rede francesa Accor. No caso do Tangará, construído pela Hochtief, o principal desafio era aproveitar a estrutura, executada pela Birmann. “Essas redes são muito exigentes com as questões térmicas, advindas de países com invernos rigorosos. O isolamento acústico se beneficia disso”, lembra o arquiteto. Além do conforto nas suítes, premissa básica para um empreendimento dessa qualidade, o manual de pré-requisitos exigia um alto grau de conforto e isolamento no grand ballroom (salão de festas) devida à proximidade de edifícios residenciais de alto padrão no entorno.

A rede de hotéis de luxo Oetker Collection inaugura unidade em São Paulo
A rede de hotéis de luxo Oetker Collection inaugura unidade em São Paulo

Para esta unidade da Oetker foram executados ensaios nas fachadas e entre os quartos. A existência de quartos em cima do salão de festas exigiu isolamento acústico para atenuar o som de baladas e festas de casamento animadas com caixas de som line array. Nos dias de evento, o escritório orientou o hotel a deixar as portas do terraço fechadas e sugeriu que o acesso ocorra pelo lado oposto à linha de fachadas dos prédios vizinhos. Dentro dos quartos, o ruído gerado pelas unidades evaporadoras escondidas no forro ficaram em um cubículo confinado com gesso acartonado de 25 mm, revestido com material fonoabsorvente, no caso, uma lã de vidro com revestimento de película.

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Forro Acústica monolítico

Outro item importante foi o controle de ruído e vibrações gerados pelos equipamentos eletromecânicos do empreendimento (ar-condicionado, exaustão, hidráulica e elétrica). Os dispositivos desse sistema ocupam o espaço próximo à entrada do hotel. Torres de resfriamento, encobertas por muro verde com vegetação exuberante estão localizadas à esquerda da porte cochère. Ventiladores com 1,8 a 2 metros funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana, o que demandou atenuadores de ruído tanto na entrada, como na saída de ar do sistema. Em função do nível de ruído, da vazão de ar e da localização do hotel em relação à vizinhança, as três torres de resfriamento ficaram isoladas por chapas metálicas revestidas com material  fonoabsorvente, resistentes à intempérie e incombustíveis.
 
A cozinha, comandada pelo chef Jean-Georges Vongerichten, atende ao cardápio assinado do restaurante, ao serviços dos 141 quartos, incluindo 59 suítes, a outro salão além do salão de festas principal para 530 convidados, café da manhã e à sala de café da manhã com o chef, para hóspedes ilustres. Por isso, a exaustão da cozinha requereu atenção especial dos projetistas para o isolamento acústico entre as coifas que retiram a gordura dos processos de cocção e os quartos que ficam embaixo. Para atenuar, foi executada uma estrutura de concreto com uma laje de 20 centímetros de espessura. Os equipamentos ficaram soltos, sem contato rígido com a estrutura, apoiados em molas. O ruído aéreo ficou contido por barreiras acústicas e atenuadores. Diferente dos resfriadores, o ar chega carregado de gordura e é combustível. Pela norma do Corpo de Bombeiros foi instalado um lavador de ar.

Para o máximo de privacidade e conforto entre os apartamentos, foram construídas paredes divisórias de laje de piso até o teto, com espessura total de 20 cm compostas de duas chapas 12,5 mm de gesso acartonado de cada lado e dois montantes de 70 mm com espaçamentos a 1 cm e vazios internos preenchidos com lã mineral.  Nas faces voltadas para o banheiro, uma placa standard e outra placa tipo RU para resistir à umidade.

Ainda nas paredes divisórias entre apartamentos, nas aberturas para as caixas de instalações elétricas como tomadas e interruptores, o projeto previu um desencontro a uma distância mínima de 1 metro  ou tratamento acústico com uma placa de gesso acartonado na espessura de 12,5 mm.

No ambiente do grand lobby e do lounge, onde fica a recepção e bar, o forro foi especificado pelo coeficiente de absorção sonora e aparência monolítica para melhor controle da reverberação. O material atendeu, ainda, à questão estética. A mesma situação se repetiu no forro do restaurante.

Na sala de café da manhã com o chef – a “chef’s table display kitchen”, para usar a terminologia da Oetker Collection – o partido de arquitetura de interiores pedia madeira como material de teto. “A solução adotada foi um forro com réguas de madeira, com espaçamento de 1 cm e sobreposição de material fonoabsorvente”, explica Alcoragi.

Para o spa, foi especificada uma lona tensionada com material fonoabsorvente fixado na laje de teto. Na área adjacente, uma sala de máquinas de ar-condicionado exigiu rigorosas soluções de isolamento  de ruído e vibrações.

A rede de hotéis de luxo Oetker Collection inaugura unidade em São Paulo
  Forro acústico monolítico

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