Prédios mais silenciosos

Título | Prédios mais silenciosos
Fonte | Site IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas – 03/10/16
Autoria | Redação site
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IPT oferece novas câmaras para ensaios, inéditos em laboratório no Brasil, para determinação de ruído em piso e hidrossanitário

Ouvir a descarga do vaso sanitário do apartamento no lado, os passos de salto alto da moradora no apartamento do andar de cima ou animais de estimação como cães e gatos arranhando a área onde dormem são exemplos de situações que podem causar conflitos entre vizinhos. Para auxiliar construtoras e fabricantes de pisos e tubulações a melhorarem a qualidade de seus produtos e colaborarem para reduzir esses problemas, três novas câmaras reverberantes antes indisponíveis em laboratórios no Brasil acabam de entrar em operação no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para execução tanto de ensaios de ruído de impacto em piso em escala real quanto de ruído hidrossanitário.

A construção das novas câmaras acústicas, assim como a reforma do prédio do Laboratório de Conforto Ambiental e Sustentabilidade dos Edifícios, foi possível graças ao apoio da Finep em seleção pública lançada em 2010 para apoio a projetos voltados ao fortalecimento da infraestrutura laboratorial na área da construção civil, no âmbito do Sistema Nacional de Avaliações Técnicas (Sinat). As quatro propostas selecionadas no edital foram de institutos tecnológicos e de pesquisa que já atuavam no âmbito do Sinat como Instituições Técnicas Avaliadoras (ITAs) ou que se candidataram a atuar nessa condição.

As câmaras começaram a ser construídas em fevereiro de 2015, foram concluídas em setembro de mesmo ano e, no início de 2016, foi feito um trabalho de qualificação do laboratório.

Medições de ruído das tubulações do banheiro (vaso sanitário, pia e chuveiro) e da tubulação hidráulica nas paredes serão possíveis nas novas instalações do laboratório
 
“Avaliamos as condições acústicas, fizemos ajustes e criamos os procedimentos de ensaio. Agora estamos começando a prestar serviços”, afirma o pesquisador Marcelo de Mello Aquilino. Uma das câmaras construída será usada para a medição de ruído de impacto de piso, e as outras duas formam um conjunto composto de uma sala em andar superior, na qual foi montado um banheiro experimental, e uma sala no piso térreo para medição do ruído das tubulações do banheiro (vaso sanitário, pia e chuveiro) e da tubulação hidráulica nas paredes.

Até então, o laboratório do IPT executava somente ensaios em campo, ou seja, nas próprias obras, mas já considerando a norma de desempenho de edificações habitacionais que entrou em vigor em 2013, a NBR 15.575 – pelo texto normativo, a edificação habitacional deve apresentar não somente isolamento acústico adequado das vedações externas no que se refere aos ruídos aéreos provenientes do exterior da edificação habitacional, mas também isolamento acústico apropriado entre áreas comuns e privativas e entre áreas privativas de unidades autônomas diferentes.

É por meio de ensaios laboratoriais, explica a pesquisadora Cristina Yukari Kawakita Ikeda, que se pode verificar o chamado potencial do sistema construtivo de piso: “Os testes feitos em obras permitem observar somente uma situação específica de um determinado projeto, com uma determinada vinculação estrutural e volumetria”. Enquanto nos ensaios em obras o corpo de prova fica em contato direto com o contorno e, assim, está acusticamente ‘acoplado’ à estrutura do edifício, no laboratório a equipe técnica busca evitar caminhos de propagação laterais, isolando o corpo de prova da estrutura das câmaras e da instalação de contorno.

Os ensaios de ruído no impacto em piso no laboratório do IPT serão feitos em uma laje isolada de toda a estrutura, por conta de amortecedores instalados. Quando uma empresa trouxer uma amostra de piso para a execução dos ensaios, a equipe de pesquisadores irá comparar os resultados obtidos na laje padrão (sem o piso) com os valores obtidos nos testes feitos no piso do cliente. “Isso dará um diferencial de ruído que irá mostrar o potencial do piso aplicado em uma laje, indicando os eventuais ganhos de isolação por impacto para uma determinada situação”, completa Aquilino.

SERVIÇOS E PESQUISA – Pela ausência de infraestrutura laboratorial, as empresas no Brasil tinham até então três opções: testar os seus produtos fora do País, não realizar os ensaios (já que não possuem laboratórios próprios) ou fazer os testes em campo, com as restrições acima descritas. A entrada em cena das novas câmaras permitirá não somente a prestação de serviços, mas também auxiliar os clientes no desenvolvimento de seus produtos.

“Será possível atender tanto construtoras interessadas em testar pisos ou isolamentos para tubulações nas soluções disponíveis no mercado quanto auxiliar os fabricantes a desenvolver os seus produtos”, afirma Aquilino. “O cliente poderá testar as soluções e chegar à obra com uma solução aperfeiçoada que atenda melhor ao desempenho exigido, sem surpresas no caso de uma medição na obra”.

A infraestrutura em equipamentos, que já estava disponível no laboratório, permitirá ainda a execução dos ensaios com um diferencial: além de fornecer aos clientes os valores de isolação sonora e de atenuação sonora por impacto em piso ou pelo nível gerado por uma tubulação, por exemplo, os pesquisadores irão executar uma análise de ruído pelo sistema de holografia acústica, ou seja, imagens que permitem mostrar até mesmo as ‘fugas’ de ruído, a fim de identificar falhas e melhorar o desempenho dos produtos. O equipamento, composto de um dispositivo de cerca de 1,5 m de diâmetro com 36 microfones acoplados, além de uma câmera digital central, é capaz de tirar uma ‘fotografia’ do som, atribuindo cores para os níveis de ruído diferentes (intensidades de som) das fontes de ruído, que são projetadas sobre a imagem fotográfica.