Uma cidade barulhenta

Título | Uma cidade barulhenta
Fonte | Portal do vereador Andrea Matarazzo – Artigo publicado no jornal Diário de S.Paulo, em 25/04/13
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A Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara dos Vereadores, que presido, realizou ontem, 24 de abril, a primeira Conferência Municipal sobre Ruído, Vibração e Perturbação Sonora. A ideia é promovê-la sempre nesta data, dia Internacional da Conscientização sobre Ruído Urbano.

Reunimos representantes da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, da Cetesb, de entidades como a ProAcústica e Sinduscon para discutir a prevenção e redução de barulhos numa cidade como a nossa.

É nítido que há relação entre o nível de desenvolvimento de um país e o impacto dos ruídos. Nas principais capitais da Europa, existe um mapeamento sonoro. Lá, foram tomadas medidas como redução de veículos em áreas residenciais e incentivo aos ciclistas e pedestres. Estados Unidos, Holanda e Nova Zelândia acompanham ruídos de aeronaves e trens à distância.

São Paulo é uma cidade barulhenta. Em 2012, 75% das reclamações da Promotoria do Meio Ambiente foram por causa de perturbação sonoras. Hoje, uma das maiores queixas são os pancadões dos bailes funks. Há, ainda, a balbúrdia provocada pelas feiras, bares e shows em estádios e agora no Jockey, causando transtorno para todos.

Quando era secretário das Subprefeituras apreendi caçambas ilegais, que trazem perturbação por causa do entulho das obras. Fechei helipontos barulhentos em áreas inadequadas. Mas o problema continua.

O ruído é um vilão urbano e tem que ser tratado como questão de saúde pública. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o barulho é a terceira maior forma de poluição e causa de 15% de surdez. Além disso, pode provocar desatenção, estresse, transtorno do sono e doenças mentais.

São Paulo não tem uma política para prevenção da perturbação sonora. O Programa de Silêncio Urbano (Psiu) é de 1994 e precisa de atualização. Fortaleza já tem mapeamento acústico. Temos de fazer o mesmo aqui.

Artigo publicado no jornal Diário de S.Paulo, em 25/04/2013.

Curiosidades

A OMS (Organização Mundial de Saúde) considera que sons acima de 50 decibéis podem causar prejuízos para a saúde. Alguns problemas podem ocorrer a curto prazo, outros levam anos para serem notados. Dentre os sintomas listamos: perda da audição, stress, insônia, irritabilidade, fadiga, pressão alta e problemas cardíacos.

A Avenida Paulista alcança níveis de ruído de até 85 decibéis, 35 a mais do que recomenda a Organização Mundial da Saúde. 

Muitos dos ônibus de São Paulo da frota paulistama são construídos com chassi de caminhão, o que produz mais ruído? O fato de o câmbio ser manual também contribui para a emissão de mais ruídos. 

Veja o nível de ruído em decibéis produzido por:
• restaurante com movimento (70 db)
• secador de cabelo (90 db)
• caminhão (100 db)
• britadeira (110 db)
• buzina de automóvel (110 db)
• turbina de avião (130 db)
• show musical, próximo as caixas de som (acima de 130 db)

Você sabia que o ruído produzido nas grandes cidades pode prejudicar a comunicação das aves, ameaçando o futuro de muitas espécies?