A consciência sobre impactos da poluição sonora impulsiona a participação do setor acústico na Feicon 2025
A crescente preocupação com os impactos da poluição sonora está ampliando o protagonismo da cadeia produtiva da acústica no Brasil, que apresentou as mais avançadas soluções tecnológicas para a construção civil e a arquitetura durante a Feicon 2025. No Espaço ProAcústica, empresas associadas – como Arkflex, Armacell, Atenua Som, Aubicon, Ecophon Saint-Gobain, Gerb, Placlux, Selecta Blocos, Técnica e Vibranihil – exibiram inovações que elevam o desempenho das edificações em termos de conforto e saúde.




Eventos e debates fortalecem a divulgação do setor acústico
Durante os quatro dias de feira, realizada em abril, em São Paulo, a ProAcústicae suas associadas participaram de uma série de ações estratégicas, ampliando sua visibilidade e promovendo debates fundamentais para o setor.
Um dos destaques foi a participação do presidente da ProAcústica, Marcos Holtz, na Feiconference – 1ª Conferência Internacional de Construção e Arquitetura, evento que reuniu líderes do setor para discutir transformações essenciais, como práticas de sustentabilidade, transformação digital, liderança estratégica e novos modelos de negócios.
Outro momento relevante foi a presença da associação no podcast Vozes da Construção, organizado por uma empresa associada e conduzido pelo arquiteto e diretor técnico Constantino Bueno Frollini. Na conversa, Holtz abordou os desafios do desempenho acústico nos sistemas construtivos em alvenaria, um dos segmentos de maior protagonismo na construção civil brasileira.


Frollini destacou que a Norma de Desempenho NBR 15575 desempenhou um papel crucial na expansão do mercado acústico no Brasil. “Sem a norma, acredito que o setor ainda seria muito restrito”, afirmou. Holtz complementou que, antes, a busca por soluções acústicas era limitada ao mercado de luxo, impulsionada pelo conforto, e não pela saúde. Hoje, todos os empreendimentos, incluindo habitações populares, precisam atender aos padrões de desempenho.
Holtz fez questão de pontuar que o setor de alvenaria evoluiu muito nos últimos anos em relação à acústica. “Hoje o segmento possui muito mais material técnico disponível e comprovação de desempenho em laboratórios”.
“Nós desenvolvemos e descobrimos muita coisa por conta da necessidade da melhoria acústica dos ambientes. Os blocos hoje passam por ensaios em laboratórios de acústica e foram evoluindo em design, tamanho, peso e consistência. Estão diferentes e as paredes passam por avaliações de desempenho para se adequar à norma”, ressaltou Frollini.
Na Feiconference, Holtz apresentou a palestra “Propostas para melhorar o adensamento urbano sem perder a qualidade acústica”, onde abordou a complexidade da gestão acústica ambiental quando colocada à prova na organização das diferentes escalas urbanas.

Segundo ele, os desafios são enormes para o desempenho de qualidade da paisagem sonora de parques industriais, espaços de lazer, entretenimento, cultura e saúde; e de complexos de empreendimentos mistos. Organizar moradia, trabalho e comércio em consonância com os impactos sonoros dos modais de transporte ferroviário, rodoviário e aeronáutico é uma das principais dificuldades das grandes cidades hoje, ressaltou.
“Nas sociedades industriais, em determinado momento surge a necessidade de criar políticas de gerenciamento de ruído”, explicou Holtz. “O ideal seria adotar essas medidas antes do crescimento desordenado das cidades. Mas, na maioria das vezes, a gestão da poluição sonora começa quando o caos já se instalou.”
Ruído e impactos na saúde
A apresentação da ProAcústica também destacou os efeitos nocivos do ruído na saúde, desde desconfortos como perturbação e distúrbios do sono, doenças cardiovasculares e hipertensão até chegar na mortalidade. Holtz comparou a gestão acústica ao trabalho dos médicos, que passam por etapas de diagnóstico, intervenção e tratamento. “As cidades são organismos vivos e precisam de monitoramento contínuo. São muito parecidas com as pessoas. Elas têm alterações constantes, contínuas e graduais. Por isso, os Mapas de Ruído devem estar sempre atualizados e são ferramentas essenciais para ajudar gestores a visualizar e combater esse problema invisível.”
Ele enfatizou que o planejamento acústico demanda tempo e investimentos significativos. Na Europa, a legislação prevê um prazo de cinco anos para aferir resultados, pois as mudanças envolvem obras estruturais, como trocas de pavimento, reconfiguração de fluxos de tráfego e adoção de veículos mais silenciosos
Com um setor cada vez mais fortalecido, a Feicon 2025 reafirmou a importância da acústica na construção civil e na qualidade de vida urbana, consolidando a ProAcústica como protagonista na busca por ambientes mais saudáveis e silenciosos.