Conforto acústico de apartamentos pode se tornar diferencial de vendas

Nos últimos anos, as construtoras vêm recebendo reclamações de clientes por problemas de ruídos nas novas unidades adquiridas. Com a revisão das normas de acústica, a NBR 10.151 e NBR 10.152, e a entrada em vigor da Norma de Desempenho (NBR 15.575), cuja exigibilidade está prevista para início de 2013, muitas empresas começaram a buscar soluções para melhorar o conforto acústico.

Uma delas é a Tecnisa que, a partir de 2006, observou um aumento das queixas relativas a ruídos. Estas passaram de 0,08% (em 2005) para 0,51% (em 2007). Os consumidores reclamavam de ruídos de impacto (o famoso toc toc na laje do vizinho de cima), além de barulho excessivo em instalações hidráulicas (principalmente descargas) e equipamentos de elevadores. “Fomos buscar soluções e testamos diversos produtos e sistemas e já, em 2008, o índice de queixas caiu para 0,25%.”, explica o engenheiro Luiz Henrique Manetti, do departamento de Desenvolvimento Tecnológico, da Tecnisa.

Em 2007, foram ensaiadas dez soluções para atenuar ruídos em instalações hidráulicas, e apenas uma atendeu às premissas do projeto. “Os fabricantes, em geral, desconhecem o desempenho e até a vida útil de seus produtos. Isso começa a melhorar aos poucos, com a parceria entre construtoras e indústria”, analisa Manetti.

Em relação aos ruídos de impacto, a empresa optou por construir lajes de maior espessura, com ou sem contrapiso, combinada com mantas isolantes acústicas. “Avaliamos diversas soluções, desde lã sintética, mantas de borracha, polietileno, argamassas especiais, etc. Optamos pela manta de polietileno, que apresentou o melhor custo benefício”, explica Manetti.

Agora, segundo ele, todos os empreendimentos da Tecnisa superam o desempenho acústico mínimo exigido pela Norma de Desempenho, sendo que alguns de mais alto padrão ficam acima do desempenho intermediário. “Devido ao baixo custo e alto retorno de conforto para o cliente, os tratamentos acústicos se tornaram padrão na maioria das obras da Tecnisa. Em 2008, eram 200 unidades com tratamento acústico e, em 2010, esse número subiu para duas mil unidades”, afirma. Manetti informa ainda que o número de vendas por indicação na Tecnisa é bastante alto, demonstrando que o esforço na busca de soluções de conforto acústico gera retorno.  

De acordo com Juan Frias, coordenador da Comissão de Edificações da ProAcústica (Associação Brasileira para a Qualidade Acústica), a entidade vai criar um manual para orientar os construtores a respeito de ensaios e das soluções que podem ser adotadas, já que a Norma de Desempenho apenas prevê três níveis baseados em decibéis: mínimo (40 DB), intermediário (50 DB) e superior (60 DB). “Até o final do ano, pretendemos fazer um trabalho experimental com as construtoras, a fim de orientá-las sobre como devem ser feitas as medições acústicas e seus critérios. Sabemos que unidades residenciais com conforto acústico podem vir a representar um diferencial de vendas para as construtoras, já que a tendência é a poluição sonora aumentar, na medida em que crescem as cidades”, avalia Frias.

Sobre a ProAcústica – www.proacustica.org.br

A ProAcústica Associação Brasileira para a Qualidade Acústica é um entidade civil sem fins lucrativos que reúne empresas e profissionais para o desenvolvimento da Acústica Aplicada no Brasil. Criada em março de 2011 para estimular iniciativas de combate à poluição sonora nas grandes cidades brasileiras, congrega profissionais do setor de conforto sonoro ambiental, fabricantes de produtos acústicos, escritórios de arquitetura, projetos e consultoria em acústica, empresas de instalação e distribuição, laboratórios e construtoras. A entidade colabora com a criação, revisão e desenvolvimento de normas técnicas ambientais, de materiais e aplicações acústicas. Tem como foco divulgar a importância das soluções acústicas para a saúde e qualidade de vida.