Estádio Mané Garrincha, em Brasília, tem projeto acústico que reduz ruído no entorno da arena

O
projeto acústico, realizado pela Implante, atendeu às exigências da FIFA,  que previa tratamento acústico nos estúdios,
auditório, salas de edição de televisão, salas vip, camarotes, e ventilação,
entre outros locais.

Estádio Mané Garrincha, Brasilia

Para se harmonizar com a
cidade, o projeto do Estádio Nacional de Brasília, conhecido também por Mané
Garrincha, inaugurado em março de 2013 com capacidade para 71 mil pessoas, foi
inspirado na arquitetura de Oscar Niemeyer. O escritório Castro Mello
Arquitetos, autor do projeto arquitetônico, procurou alinhamento com os traços
marcantes que predominam em Brasília, utilizando 288 pilares arredondados de
concreto, de 36m de altura, e 6,5 km de cabos de aço tensionados, para dar
suporte à cobertura.

O projeto acústico, de
autoria do engenheiro José Alberto Lobo, da Implante, teve de acompanhar as
exigências da FIFA, que previa tratamento acústico em diversos locais, como
estúdios, auditório, salas de edição de televisão, salas vip, camarotes, salas
de geradores, de motores de pressurização e ventilação e zona mista. Além da
isolação acústica de todo o complexo, para que o ruído gerado na arena não afetasse
as residências do entorno em níveis acima dos valores estabelecidos pelas
normas.

O primeiro passo foi a realização
de um estudo da paisagem sonora, num raio de 3 km do entorno do estádio, com a
utilização de software especifico e levantamentos de medição em diversas
posições e em vários horários. A calibração do sistema foi realizada com a
utilização de mapas altimétricos digitais e relatório de impacto de trânsito, fornecidos
pelo governo do Distrito Federal. “Realizamos ainda um estudo com levantamento
de dados nacionais e internacionais para obter um índice real dos níveis de
ruído gerados em jogos de futebol e shows. Como o estádio teria uma grande
cobertura, foi possível estudar as opções para alcançar resultados que
atendessem às normas”, explica Lobo.

Estádio Nacional de Brasília: Palco Sul – Nível de segurança limite noturnoEstádio Nacional de Brasília: Palco Sul – Nível de
segurança limite noturno

Um estudo de isolamento
acústico na banda de dB/oitava foi feito para os estúdios, considerando todos
os índices de isolamento de cada material empregado. Depois, especificou-se o
tipo de vidro das cabines e portas acústicas. “Em cada um deles, calculamos o
tempo de reverberação para escolher os produtos mais indicados, com o melhor
custo/benefício para que atendessem ao projeto de arquitetura”, destaca Lobo. Como
era necessário atender às necessidades técnicas ideais e de acabamento, foram
escolhidos produtos não inflamáveis e com baixos índices de fumaça. “Assim, nos
estúdios utilizamos tecidos anti-chamas nos forros e paredes e baffles na zona mista,
com excelente resultado acústico. Nos camarotes e salas VIP aplicamos forros
minerais com alto NRC”.

Estádio Mané Garrincha, BrasiliaPara a utilização do estádio
para a realização de eventos e shows musicais, foi realizado estudo de predição
em quatro posições levando em conta a cobertura, com resultados teóricos
animadores. Segundo Lobo, em cada show os produtores deverão estudar a figura
acústica desejável, considerando que área de publico será ocupada.

De acordo com Lobo,
foram gastos vários meses no estudo até chegar a um projeto final. “Fizemos as
medições de jogos de futebol, na Copa das Confederações, e em quatro shows com
grande publico e altos níveis de LAeq que aconteceram no estádio, e todos
ficaram dentro dos níveis previstos. Realizamos também o mapeamento no entorno
do estádio e os resultados foram muito próximos ou até melhores que os
estabelecidos”, conclui Lobo.