CETAC incorpora novas câmaras de metrologia acústica

Apesar de estar ligado às tecnologias do ambiente construído, o CETAC ensaia e fornece medições para outros setores como o automotivo e a indústria de eletrodomésticos. Mas as novas câmaras chegaram para atender às demandas do setor de construção civil e podem até fazer análises de fugas de ruído pelo sistema de holografia acústica por meio de uma antena com 36 microfones.

CETAC incorpora novas câmaras de metrologia acústica

O físico e pesquisador do laboratório de conforto ambiental do CETAC – Centro Tecnológico do Ambiente Construído, do IPT, Marcelo de Mello Aquilino, é conhecido entre os acústicos. Além de participar da comissão técnica da Conferência Municipal sobre Ruído, Vibração e Perturbação Sonora, Aquilino desenvolve uma tese de doutorado na Faculdade de Saúde Pública da USP para definir descritores acústicos em estudos epidemiológicos. Como pesquisador do CETAC, Aquilino tem motivos para comemorar a entrada em funcionamento de três novas câmaras de medição no laboratório do campus do IPT.

Apesar de estar ligado às tecnologias do ambiente construído, o laboratório ensaia e fornece metrologia para outros setores como o automotivo. Mas as três novas câmaras agora em atividade chegaram para atender às demandas do setor de construção civil. Uma dessas unidades de medição será usada para aferir o impacto de ruído em pisos e deve atrair a crescente indústria de pisos flutuantes que tem lançado produtos que podem minimizar um gigantesco conflito em condomínios de vizinhos que reclamam da bolinha, da pata do cachorro e do salto alto feminino no andar de cima. Aquilino explica que esta câmara ainda se encontra em fase de testes e, quando entrar em operação, vai medir a rigidez dinâmica, com martelo de impacto, de pisos que não utilizam mantas resilientes nos contrapisos.

“O principal efeito das medições, para as empresas que procuram resultados, é ajudar no desenvolvimento de produtos. Os casos mais conhecidos são os de instalações hidráulicas que produzem ruído no teto falso por onde circulam a água do vaso sanitário, do chuveiro e da pia”, salienta Aquilino. Por meio das medições executadas na câmara do laboratório do CETAC, soluções como novos métodos de fixação podem minimizar essa que representa outra expressiva reclamação de moradores de edifícios residenciais. Em outra das câmaras, o laboratório examina distúrbios sonoros emitidos por tubulações hidráulicas no interior das paredes. De posse dessas aferições, em breve, a indústria poderá desenvolver sistemas construtivos com maior poder de absorção sonora com materiais como lã de vidro e forros.

Desde 1978, o IPT realiza mapeamentos de ruídos na cidade de São Paulo. Em 2010, a pedido da prefeitura, uma série de medições foi executada, nos mesmos pontos da medição de 1978. Com valores acima da norma, a comparação de dados revelou que o nível de ruído não sofrerá alteração entre um período e outro o que poderia indicar que uma das soluções para o conforto acústico recairia sobre a qualidade dos fechamentos e envasaduras das edificações.

Para fazer medições deste porte, o laboratório do CETAC possui duas câmaras capazes de abrigar uma parede com porta e janela. Esse tipo de teste atende à norma ABNT NBR 15575. “Quando solicitado pelo setor privado ou pelo poder público, podemos fazer análises de intensimetria sonora, que determina o ponto por onde passa o vazamento sonoro”, explica Aquilino. E cita um exemplo: pela análise, dá para determinar que um som vaza no ponto em que a janela encosta no caixilho. O laboratório do CETAC pode fazer uma análise de fugas de ruído pelo sistema de holografia acústica: uma antena com 36 microfones fornece imagens coloridas da conformação acústica.

Além das câmaras voltadas para testes de isolação sonora no ambiente construído, o CETAC opera uma para medir o ruído de equipamentos eletrodomésticos. Nesse caso, a aferição serve para a concessão do Selo Ruído do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), que etiqueta aparelhos conforme os valores de potência especificados pelos fabricantes. Para a indústria automotiva, alguns materiais são especificados para minimizar o ruído do motor que precisa ser amortecido em painéis, bancos e na espuma do teto do carro. “Para essa situação, medimos a absorção sonora por meio de um tubo de impedância (tubo de 10 cm, com a amostra colocada a um metro e meio da fonte para observar a absorção). Antes, precisávamos de uma amostra de 12 m2; hoje, fazemos com um círculo de 10 cm de diâmetro”, revela Aquilino.

Na maior parte do tempo, os testes são realizados dentro do laboratório do CETAC, mas os pesquisadores do IPT precisam executar trabalhos externos como nos casos de orientação para projetos de barreiras acústicas industriais ou urbanas contra a poluição sonora. “Além de atender às fábricas, usinas e manufaturas, o trabalho de medições externas pode servir para oferecer subsídios ao poder público, quando precisa desenvolver políticas de gestão de controle de ruído”, lembra Aquilino. Antes, esse tipo de deslocamento exigia o emprego de um micro-ônibus com equipamentos de grande porte mas, agora com aparelhos miniaturizados, o CETAC vai à campo em carros comuns e os aparelhos são transportados numa maleta.