A ProAcústica cobre a avenida Paulista com o apelo chega de barulho e marca o lançamento do Mapa de Ruído Urbano Piloto de São Paulo

No Dia Internacional da Conscientização sobre o Ruído, uma estátua viva feminina, maquiada em prata, fazia o sinal de silêncio em frente ao prédio da Fiesp na Avenida Paulista, no último dia 25 de abril, em São Paulo. O nível de ruído aumenta na avenida e a estátua, até então imóvel, faz o sinal de quem quer tapar os ouvidos para evitar a dor. Estava começando o Inad SP 2018 para chamar a atenção sobre o impacto que o ruído causa na vida cotidiana da população. Organizado pela ProAcústica – Associação Brasileira para a Qualidade Acústica, a iniciativa chamou a atenção das pessoas que passaram pela avenida e atraiu a mídia com a intervenção urbana digital, este ano com o tema – ou hashtag – “chega de barulho”. “Mais do que o alcance na mídia e a atenção do público, o evento deve impactar o poder público porque, até 2023, toda a cidade deverá ter concluído o mapa de ruído, afirmou o presidente da ProAcústica, Edison Claro de Moraes.

Entre as atividades – que começaram na véspera – para a principal avenida paulistana, a Galeria de Arte Digital reproduziu com lâmpadas de LED, na fachada do prédio, a imagem do Decibeto, a figura de um mascote com orelhas avantajadas, que se alegra com o silêncio e vai ficando aborrecido com o barulho. Ao longo do dia, estações de medição, instaladas no saguão de entrada do prédio media o nível de ruído e projetava em tempo real num video wall, na calçada. No começo da tarde, os alunos de graduação da área de saúde da PUC, UNIFESP e USP se reuniram na avenida para o Manifesto do Silêncio, uma intervenção com cartazes em branco, vermelho e faixas pedindo “chega de barulho”. A intervenção foi programada para acontecer no mesmo horário em vários países.

Como forma de sensibilizar a população, entidades setoriais, organizações da sociedade civil e governamentais e veículos de comunicação, foi lançado o Mapa de Ruído Urbano Projeto Piloto SP, importante instrumento de gestão urbana para a cidade de São Paulo. O projeto piloto foi elaborado pelo grupo de trabalho GT Mapa de Ruído, do Comitê Acústica Ambiental, que vem trabalhando na definição das diretrizes para as melhores práticas no mapeamento acústico bem como na modelagem da área piloto, localizada entre as avenidas Paulista, Brasil, Nove de Julho e a Vinte Três de Maio. O arquiteto e urbanista Marcos Holtz, coordenador do comitê Acústica Ambiental da ProAcústica, acompanhou a equipe de reportagem do jornal SP1 da TV Globo no viaduto Tutóia, sobre a avenida 23 de Maio, marcado no mapa piloto como ponto mais  barulhento da região. Holtz declarou ao jornal, no dia do Inad: “O mapa vai mostrar onde as pessoas estão sofrendo mais com o barulho; onde a saúde está sendo degradada com maior intensidade”.

As ações de conscientização – que incluíram ainda um telão na entrada do prédio e um hot sitewww.mapaderuidosp.org.br – com acesso ao mapa de ruído no Google Earth – devem incentivar, nos próximos anos, a adoção de políticas públicas para enfrentar e combater as diversas formas de poluição sonora, por meio de medidas mitigatórias e compensatórias para as emissões de ruído nas esferas pública e privada. Na cidade de São Paulo, entidades setoriais como o Secovi SP, o SindusCon SP e a ProAcústica, além de organizações da sociedade civil, estão preocupadas não só em reconhecer o problema mas em buscar soluções de enfrentamento e combate aos perigos sonoros. Esses grupos de pressão e entidades realizaram, entre 2014 e 2016, três edições da Conferência Municipal sobre Ruído, Vibração e Perturbação Sonora, por ocasião do Inad. No ano passado, uma imagem expressiva do Inad de São Paulo correu o mundo: os personagens da escultura Monumento às Bandeiras, de Victor Brecheret, no parque do Ibirapuera, amanheceram com fones de ouvidos amarelos e gigantes para chamar a atenção para os males da poluição acústica.

O Dia Internacional da Conscientização Sobre o Ruído, Inad da sigla em inglês de International Noise Awareness Day, foi criado em 1996, nos Estados Unidos, pela League for the Hard of Hearing, hoje Center for Hearing and Communication, para promover o evento mundial de conscientização, com diversas atividades como os 60 segundos de silêncio. A poluição sonora, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) é o segundo maior agente poluidor ambiental, depois da poluição do ar.