Acústica é ponto importante na renovação do selo Casa & Condomínio, do GBC

Uma das certificações de sustentabilidade que aferem desempenho ambiental das construções no Brasil, quando o assunto é moradia, o Casa & Condomínio, do Green Building Council Brasil (GBC), acaba de passar por uma atualização. O trabalho resultou no lançamento, no começo do mês de junho, da terceira geração do referencial técnico do selo. Os critérios de acústica passaram por mudanças tanto na forma quanto no conteúdo.

De acordo com Enzo Tessitore, Diretor de Marketing e Operações do GBC, “um dos aspectos mais importantes da renovação foi a acústica ter sido incorporada aos temas Saúde, Segurança e Qualidade. Segundo ele, isso reforça a conexão dos referenciais técnicos do selo com o bem-estar, conforto e desempenho humano, especialmente em habitações de alta densidade urbana.

A terceira versão do Casa & Condomínio traz um esforço explícito de alinhamento com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU e indicadores do GRI, segundo a entidade. Isso ajuda a comunicar, com mais clareza, que conforto acústico também é uma agenda ESG, e que impactos como estresse, perda de produtividade e doenças ligadas ao ruído não são apenas incômodos, mas externalidades que precisam ser enfrentadas com soluções de projeto.

Do ponto de vista normativo, houve atualização das referências da ABNT, para garantir aderência às diretrizes mais atuais do setor, explicou Tessitore. Com o advento da Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575), se estabeleceu um patamar mínimo de qualidade acústica que exige laudos técnicos que comprovem desempenho.

Segundo Tessitore, “a certificação vai além da conformidade, pois propõe um modelo de desempenho ambiental integrado, onde o conforto acústico é uma das dimensões avaliadas”. Na prática, isso significa que o empreendedor precisa atender a um conjunto de pré-requisitos obrigatórios em diferentes categorias. Entre elas, saúde, segurança e qualidade, onde a acústica está inserida.

“A certificação parte do princípio de que sustentabilidade não se limita a uma frente isolada, mas depende da interação entre várias, como: água, energia, materiais, emissões, biodiversidade, gestão e governança”, afirma.

O selo adota uma lógica de pontuação que permite reconhecer diferentes patamares de desempenho. O sistema oferece até 110 pontos possíveis e o nível da certificação varia de acordo com a pontuação final: Verde (40–49), Prata (50–59), Ouro (60–79) e Platina (80–110). Essa pontuação reflete o conjunto de boas práticas adotadas pelo projeto e o nível de desempenho em relação às normas técnicas de referência.

Um exemplo é a acústica, onde o atendimento ao nível mínimo da NBR 15575 é um pré-requisito obrigatório, mas o projeto pode somar pontos adicionais ao atingir o desempenho intermediário (2 pontos) ou superior (3 pontos), como forma de reconhecer avanços concretos além do mínimo regulatório.

A nova versão foi pensada para alinhar Casa & Condomínio aos indicadores ESG exigidos por instituições financeiras – considerando riscos associados ao consumo de água e energia, geração de resíduos e a pegada de carbono do empreendimento.